segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Adaptação ao Meio Liquido

Geralmente, no primeiro contato com o meio líquido, o aluno (a) sente alterações em seu corpo, que são na maioria das vezes normal. É necessária uma adaptação gradual com a finalidade de evitar o tão conhecido "trauma de água". Uma má adaptação ao meio líquido poderá influir negativamente em uma aprendizagem futura.
Nesta fase de adaptação devemos dar confiança ao aluno afim de que ele aprenda a dominar este meio, deslocando-se e movimentando-se com facilidade. Após esta fase, podemos dar os primeiros exercícios de adaptação.
Inicialmente o trabalho de adaptação nada mais é do que a transferência de uma sessão de brincadeiras para dentro da água. Qualquer atividade pode servir como trabalho de adaptação, desde que se saiba o porque do que se está fazendo.
O próprio banho de chuveiro pode ser um bom começo para o trabalho de adaptação. Se formos pesquisar, não muito longe, com nossos próprios colegas, é muito provável que entre eles encontraremos alguém ou até mais de uma pessoa que não goste de tomar banho em ducha onde se cai bastante água na cabeça.
Este incomodo é um fato que nos revela inadaptação, pois quem gosta de água e tem controle sobre sua respiração, tanto não se incomoda
como gosta muito da água sobre sua cabeça.
O trabalho de adaptação ao meio líquido passa por algumas etapas, conhecendo-as fica muito fácil determinar que tipo de brincadeira pode me servir para dominá-las, são elas: apnéia, flutuação grupada, flutuação ventral, deslize, mecanismo para a volta à posição em pé, sustentação em pé na água.
O conceito de adaptação ao meio aquático, usualmente, identifica-se com a 1ª fase da formação do nadador enquanto outros autores denominam esta fase de “aprendizagem”. Esta é a fase de aquisição das habilidades, cujo desenvolvimento possibilitará em fases posteriores alcançar diferentes níveis de prestação, (Carvalho, 1994).
Quando um indivíduo entra num meio líquido, fica sujeito a um conjunto de estímulos que não existem da mesma forma fora do mesmo. Assim, quando um aluno (seja de que idade for) resolve iniciar a sua atividade física na água, vê nisso implicado um conjunto de alterações que passam por:
. alterações do equilíbrio;
. alterações da visão;
. alterações da audição;
. alterações da respiração;
. alterações das informações recebidas do meio - proprioceptivas;
. alterações do sistema termo - regulador do organismo.
Segundo Carvalho (1994), quando um indivíduo inicia o seu processo de adaptação ao meio aquático, ocorre um conjunto de transformações ao nível das referências dos órgãos dos sentidos (equilíbrio, visão, audição e proprioceptivos) e também ao nível de todas as referências que normalmente existem em terra (fora de água).
Durante a aprendizagem da natação, o aluno irá encontrar problemas específicos independente da idade, mas para todos o maior obstáculo é o da adaptação ao meio líquido, que subdivide-se em: adaptação psicológica e adaptação fisiológica.
1. ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA: visa familiarizar o aluno ao meio líquido de uma maneira mais lúdica, através de jogos e brincadeiras que busquem contato direto com a água.
2. ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA: visa ambientar o aluno a partir da imersão (mergulho) do rosto e/ou cabeça. Nesta fase, inicia a respiração principalmente a expiração que favorece tremendamente o acesso ao fundo. Esta fase depende muito de um bom trabalho durante a fase de adaptação psicológica.
Segundo Velasco (1994), inicia-se essa fase através da ambientação, onde o aluno irá criar intimidade com a água. A medida que se sentir seguro, ele entra na fase de adaptação polissensorial (boca, nariz, olhos e por último os ouvidos) com bloqueio respiratório. Depois, vem a adaptação respiratória, onde a inspiração se dá fora da água pela boca e a expiração dentro da água que poderá ser feita de três maneiras: pelo nariz, pela boca ou pelos dois simultaneamente.

RESPIRAÇÃO
A respiração é uma das fases mais importantes neste período de aprendizagem. Toda dificuldade do nadador em executar a natação reside apenas no fato de não poder, de início, controlar a forma de respiração.
A respiração aquática do homem é diferente de sua respiração normal, pois no meio líquido temos de inspirar pela boca e expirar pelo nariz.
Após o aluno ter se adaptado ao meio líquido, seguiremos com alguns outros exercícios de respiração.

DESCONTRAÇÃO FACIAL
É a capacidade que o aluno deverá alcançar de submergir o rosto na água e a mesma na lhe oferecer uma sensação desagradável de desconforto (contração excessiva dos músculos da face, entrada de água pelo ouvidos, nariz, boca e olhos fechados).
Na descontração facial o aluno se comporta embaixo d’água como se estivesse fora dela.

VISÃO SUB-AQUÁTICA
O primeiro contato dos olhos com a água é um problema em si. Se o contato direto dos olhos aberto com a água já é desagradável, imagine na piscina que é acrescida de estímulos químicos.
Enquanto a criança, na sua primeira permanência debaixo d’água abre imensamente os olhos, tenha passado pouco tempo protegê-los, fechando-os. O adolescente fecha normalmente os olhos de modo reflexo. Este comportamento inibe a orientação dentro d’água e contribui para a insegurança do aluno.
A partir do momento que a criança habituou com a água nos olhos (abertos).

FLUTUAÇÕES
Podemos dizer que um corpo está em flutuação quando está totalmente submergido na água (inclusive a cabeça) sem se apoiar em nada nem ninguém. O grau de flutuabilidade varia de um indivíduo para o outro, como já estudamos anteriormente ela varia de acordo com a raça, o sexo, a textura óssea e a densidade muscular. Os pulmões também são de grande importância na flutuação pois a flutuabilidade também varia proporcionalmente à quantidade de ar inspirada, eles atuam como verdadeiras bóias e quanto maior a quantidade de ar nos pulmões mais eles irão contribuir para flutuação. Podemos flutuar em decúbito ventral, decúbito dorsal e grupado.

FLUTUAÇÃO GRUPADA
Nesta flutuação o corpo fica em posição fetal ou seja, com os joelhos dobrados, bem próximos ao peito, como se fosse um bebê dentro da barriga da mãe. A flutuação grupada é muito importante para a volta à posição em pé, pois ao executá-la o nosso metacentro (o quadril, que é o nosso centro do equilíbrio na água), se encontra em posição de domínio (de equilíbrio). As primeiras tentativas de flutuação grupada deve ser oferecida com apoio fixo, ou seja, segurando na borda da piscina por exemplo, ou nas mãos do professor, ou de algum colega mais experiente. Deve-se observar a postura de seu aluno neste momento, pois alguns detalhes te revelam o domínio dele sobre o exercício e só de olhar você consegue perceber quem está com medo, ou tem dificuldade. Sabe como? Observe suas mãos e braços na borda da piscina. Braços com cotovelos dobrados revelam medo e insegurança pois os braços se dobram porque o aluno tenta se agarrar na borda com medo de escapar dela. Observe também se as costas do aluno está na superfície da água como se fosse o casco de uma tartaruga. As costas deverão estar alinhada com a superfície da água. Caso não esteja, isso nos revela que este aluno está fazendo pressão com sua mão na parede, prejudicando a posição do seu corpo, apoiando-se mais do que o necessário. Estes detalhes te informam que aqueles alunos precisam de mais atenção e orientação do professor. Estes muito provavelmente ainda apresentem sintomas de medo.
A flutuação grupada facilita e torna mais rápida à volta à posição em pé. Pessoas que tem medo da água sempre apresentam desequilíbrio quando andam dentro dela, e deitar-se na água é um grande obstáculo pois a grande preocupação é a de não conseguir retornar à posição em pé.
Nosso corpo dentro da água se comporta de maneira diferente ao que estamos acostumados. Como já estudamos anteriormente, a pressão, a turbulência, e todas as propriedades da água faz com que precisemos conhecer o meio líquido para saber se comportar dentro dele. É preciso conhecer suas propriedades para poder tirar proveito delas, sem achar que isso é um problema e descobrir que conhecendo-as ganhamos muitas vantagens.

FLUTUAÇÃO VENTRAL
Nesta posição nosso corpo se posiciona em decúbito ventral, é nesta posição em que executaremos os nados crawl, peito e borboleta. É a mais fácil das flutuações, basta fazer a apnéia, colocar o rosto dentro d’água e esticar-se, mantendo seu corpo flutuando.

FLUTUAÇÃO DORSAL

Esta flutuação exige um pouco mais de técnica, pois é necessário mais domínio de seu equilíbrio e um bom posicionamento do corpo. Logicamente o corpo se posiciona em decúbito dorsal, e aprenderemos na prática as manobras que facilitam o seu aprendizado. Ë nesta posição em que executamos o nado de costa, bem como vários educativos para o aprendizado dos outros estilos. No trabalho se adaptação ao meio líquido não iremos fazer uso ainda desta flutuação.

DESLIZE: como o próprio nome diz trata-se de deslizar o corpo pela água. O deslize é sempre conseqüência de uma propulsão vinda de um salto, um “empurrão”, ou de movimentos propulsivos de braços ou pernas. O deslize proporciona uma sensação muito agradável principalmente à aqueles que estão começando a perder o medo da água. O aprendizado da natação oferece experiências emocionais importantes como o vencer o medo, o aventurar-se, o superar seus próprios limites, ter coragem de tentar fazer...todas essas experiências contribuem para o amadurecimento emocional do indivíduo, e este é mais um motivo para tornar a natação o esporte mais completo que se possa oferecer à uma pessoa.
Não estranhem se lhes chegarem alunos para aulas de natação por indicação de psicólogos, isso acontece com mais freqüência do que se imagina.
Deste modo, o indivíduo ao longo do tempo da experiência desenvolvida na água, vai ajustando as suas referências, alterando o seu quadro motor em relação ao meio onde agora desenvolve as suas aprendizagens, na água, de forma a melhorar a sua resposta aos estímulos existentes. 

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